PATOLOGIAS Deformidades nos Membros

As deformidades nos membros são frequentes e dividem-se em congênitas (estão presentes desde o nascimento) e adquiridas (desenvolvidas ao longo da vida).

Alguns pacientes apresentam deformidades aparentes na infância que desaparecem ao longo da maturação óssea sem necessidade de se realizar intervenção cirúrgica.  Algumas deformidades por apresentarem pouca ou mínima angulação também não necessitam de correção, entretanto existem deformidades que não apresentam sintomas iniciais, mas precisam ser corrigidas para evitar problemas futuros.    

O importante quando falamos em correção de deformidade é diagnosticar a origem do problema para definirmos a real necessidade de realizarmos a correção.

Local da Deformidade

Podemos dividir as deformidades em articular e diafisária.

Deformidade articular é quando ela ocorre dentro de uma articulação podendo evoluir rapidamente para artrose se não tratada com brevidade. 

Deformidade diafisária é quando ela ocorre na região central de um osso longo. Neste tipo de deformidade as alterações articulares ocorrem a longo prazo.  

Membros Superiores

As deformidades dos membros superiores são mais toleradas por não sofrerem tanta carga quanto os membros inferiores.

Deformidades pequenas no antebraço não são muito bem toleradas devido à complexidade dessa região do corpo, assim como deformidades articulares. Estas duas situações muitas vezes necessitam de correção cirúrgica.

Membros Inferiores

Esta região do corpo por ser submetida a carga constate e impactos apresenta maior propensão a desenvolver alterações articulares degenerativas, quando uma deformidade angular está presente.

Deformidades dos membros inferiores ocasionam um desvio do eixo mecânico do membro distribuindo de maneira errada o peso do corpo nas articulações, podendo gerar problemas degenerativos articulares a longo prazo.

Deformidades dos Membros Inferiores

Imagem mostrando o eixo mecânico normal dos membros inferiores. Linha vermelha (eixo mecânico) cruzando o centro do joelho. Eixo sem desvio.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Deformidade em Varo ou Valgo dos Membros Inferiores

Na deformidade em Varo, o eixo mecânico passa internamente ao centro do joelho distribuindo mais carga no compartimento medial(interno) da articulação.

Deformidade em Varo

Imagem mostrando deformidade em Varo.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Na deformidade em Valgo, o eixo mecânico passa externamente ao centro do joelho levando a um aumento de carga na metade lateral (externa) da articulação.

Deformidade em Valgo

Imagem mostrando deformidade em Valgo.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Nestas deformidades o paciente apresenta alteração de marcha e poucos sintomas a curto prazo, contudo a longo prazo poderá desenvolver artrose articular.

Deformidade em Antecurvato ou Retrocurvato dos Membros Inferiores

Este tipo de deformidade apresenta grande repercussão clínica, pois alteram bastante a marcha, entretanto por serem no sentido do movimento da articulação geram menos alterações articulares a longo prazo.

Deformidade em Antecurvato

Figura mostrando o membro inferior visto de lado (perfil). Reparem que o membro está com o ápice da deformidade apontado para anterior. Tal deformidade damos o nome de Antecurvato.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION


Deformidade em Retrocurvato

Figura mostrando o membro inferior visto de lado (perfil). Reparem que o membro está com o ápice da deformidade apontado para posterior na tíbia. Tal deformidade damos o nome de Retrocurvato.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Deformidade Rotacional

Este tipo de deformidade apresenta menos repercussões nas articulações, contudo pode levar a problemas musculares. Na deformidade rotacional a musculatura necessita ficar contraída boa parte do tempo para manter o alinhamento correto do membro, gerando, muitas vezes, tendinites, bursites entre outras alterações pelo esforço repetitivo.

Deformidade Rotacional

Figura mostrando o membro inferior com deformidade em Rotação Externa, Rotação Neutra e Rotação Interna.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Deformidade Translacional

Esta deformidade muitas vezes não apresenta alteração de marcha e nem sinais aparentes de deformidade, contudo pode levar as mesmas consequências das deformidades em varo ou valgo a longo prazo.

Deformidade Translacional

Imagem mostrando deformidade Translacional. Imagem mostrando transação medial e posterior.
Fonte: Dror Paley - PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION

Por que devemos corrigir deformidades nos membros inferiores?

Devemos corrigir, pois manter o eixo de carga dos membros alterado distribui o peso nas articulações de maneira assimétrica levando a alterações degenerativas a longo prazo.

O paciente que apresentar artrose severa com indicação cirúrgica de artroplastia total de joelho também deve realizar a correção da deformidade, pois as cargas distribuídas de maneira errada nesta articulação na presença de uma prótese de joelho, aumentam os riscos de soltura deste implante.

Quais as formas de correção da deformidade?

Deformidades pequenas podemos realizar correção aguda e estabilização com material de síntese interna.

Correção aguda é quando realizamos toda correção durante a cirurgia, sendo que após o término do procedimento o paciente sai da sala cirúrgica com o membro operado alinhado e sua deformidade corrigida.

Grandes deformidades corrigimos de forma gradual.

Correção gradual é quando não é realizada durante o procedimento cirúrgico e sim após a alta hospitalar. Realiza-se cirurgia para colocação de um fixador externo sem realizarmos qualquer correção durante o ato cirúrgico. O paciente recebe alta hospitalar e retorna no consultório em 1 semana para receber as orientações relativas as regulagens do fixador externo para atingirmos a correção da deformidade.

Durante este período serão realizadas radiografias seriadas frequentes para acompanharmos o progresso da correção e cicatrização óssea.

Optamos por uma correção gradual quando observamos grandes deformidades, pelo risco elevado de lesões neurológicas ou vasculares caso fosse realizada correção de forma aguda.

Dr. Ricardo Girardi CREMERS 34650
RQE 28690

Saiba Mais

ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
RECONSTRUÇÃO E ALGONGAMENTO ÓSSEO

Possui graduação em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil (2010), especialista em Ortopedia e Traumatologia, com ênfase em Cirurgia Ortopédica e Traumatológica e especialização em Reconstrução e Alongamento Ósseo pelo CERO (Centro de Excelência em Reconstrução Óssea) Curitiba - PR, serviço chefiado pelo Dr. Richard Luzzi.

Membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).

Membro da ASAMI (Associação para Estudo e Aplicação do Método de Ilizarov).