Alongamento para Baixa Estatura (Alongamento Estético)

A cirurgia de alongamento ósseo surgiu em meados de 1950 na cidade de Kurgan na Rússia, e após algumas décadas começou a ser realizada no lado ocidental do planeta. Inicialmente esta técnica era utilizada como cirurgia reparadora, para corrigir deformidades, discrepância dos membros e falhas ósseas decorrentes de traumas graves.

A cirurgia de alongamento para baixa estatura começou a ser realizada para tratar doenças congênitas como o Dwarfismo ou Acondroplasia (forma mais comum de nanismo).

Atualmente este procedimento é realizado em diversos países da América (EUA, Brasil, entre outros) Europa e Ásia.

Além das indicações acima citadas é utilizado para tratar pacientes com baixa autoestima devido à altura abaixo da média, sendo os homens os que mais procuram o procedimento.

Devido as novas técnicas e equipamentos mais modernos, a cirurgia para alongamento ósseo tem se tornado cada vez mais popular e menos dolorosa, entretanto nem todos pacientes são candidatos. É necessário que o candidato passe por uma avaliação psicológica para avaliar os reais ganhos de se realizar tal procedimento.

Avaliação Psicológica

A infelicidade em relação a sua imagem corporal é uma das principais causas de procura por essa cirurgia. Existem alguns transtornos que alteram nossa percepção em relação a nossa imagem:

  • Transtorno dismórfico corporal (TDC): considerado um transtorno mental onde o paciente apresenta uma preocupação exagerada com defeitos mínimos em seu corpo. Pequenos defeitos ou defeitos inexistentes resultam em reações exageradas levando a prejuízos social e profissional. Acomete mais mulheres.
  • Disforia de altura: condição na qual o paciente tem a percepção de possuir baixa estatura independente de sua altura real.
Importante:

Todo possível candidato a realizar alongamento para baixa estatura deve ser submetido a avaliação psicológica para detectar algum distúrbio que indique que o procedimento não trará nenhum ganho ao paciente, caso isso ocorra a cirurgia será contraindicada.

Ao realizar alongamento para baixa estatura devemos respeitar sempre as proporções corporais.

Quem é candidato para realizar cirurgia para baixa estatura?

Os candidatos necessitam estar em boas condições de saúde, não ser tabagista, apresentar completa maturidade óssea e ser psicologicamente estáveis.

Não existe uma altura mínima ou máxima para realizar tal procedimento, cada caso é avaliado em particular.

Qual a altura média do brasileiro?

Segundo Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo IBGE de 2008-2009 revelou a altura média do brasileiro:

  • Homens 1,72 metros;
  • Mulheres 1,61 metros.

O procedimento é doloroso?

Durante o procedimento o paciente não sentirá dor devido a anestesia.

No pós-operatório deixamos medicações para controle da dor. Na alta hospitalar o paciente recebe medicações, via oral, para controle da dor em casa.

A maioria dos pacientes sentem pouca ou nenhuma dor durante a maior parte do processo de alongamento ósseo, pois ele é realizado de maneira muito lenta.

Nas primeiras 2 semanas pós-operatórias o paciente pode sentir algum desconforto, sendo que após esse período o nível de conforto vai aumentando significativamente.

Durante as sessões de fisioterapia podemos ter um agravamento da dor, por isso deixamos prescrito medicações para controle da dor para serem usadas 30 a 60 min antes da realização dos exercícios.

Alguns pacientes podem referir alguma dor ou desconforto na hora de dormir. Nessas situações deixamos prescrito medicações para dormir e analgésicos para serem tomados nesses horários.

Qual o limite máximo de um alongamento?

Não existe um limite definido para realizarmos um alongamento ósseo.

O que nos limita são os tecidos moles (musculatura, ligamentos, estruturas neurológicas e vasculares).  Até 5 cm de alongamento é seguro. Entre 5 a 8 cm temos que manter um acompanhamento rigoroso pois os riscos aumentam.

Em média alongamos 5 cm por segmento ósseo sendo que após o término deste e a cicatrização completa podemos realizar novo alongamento, por isso não existe um limite definido, sendo as condições de tecidos moles o nosso limitante.

Podemos realizar 5 cm de alongamento na tíbia e 5 cm de alongamento no fêmur totalizando 10 cm, entretanto realizar 10 cm em um único segmento em um tempo único torna o procedimento praticamente impossível pelos riscos.

Devemos lembrar que não somente os tecidos moles são um limitante para esse tipo de alongamento e sim as condições clínicas do paciente, hábitos de vida entre outros.

Atenção!

É importante salientar que devemos sempre estar atentos as proporções corporais membro-tronco na hora de planejar tal procedimento. Pacientes que apresentam um tronco pequeno e pernas longas, mesmo que apresentem baixa estatura não devem realizar grandes alongamentos por gerar uma desproporcionalidade entre membro e tronco.

Este tipo de cirurgia pode ser realizada pelos planos de saúde?

A cirurgia de alongamento para baixa estatura não é coberta por nenhum tipo de plano de saúde, pois é considerada uma cirurgia estética.

Deixa cicatriz?

Existem diversas técnicas para realizarmos tal procedimento, sendo que algumas deixam mais cicatrizes do que outras.

Caso o alongamento seja realizado por fixadores externos teremos mais cicatrizes do que se for realizado por haste de distração intramedular.

Sempre haverá cicatrizes após a realização de cirurgia para baixa estatura, podendo estas serem minimizadas após procedimentos realizados por cirurgião plástico.

A cirurgia de alongamento ósseo apresenta riscos?

Importante ressaltar que complicações possuem suas taxas de ocorrência reduzidas tornando-se raras quando o procedimento for realizado por especialista da área de Reconstrução e Alongamento Ósseo e caso ocorram podem ser corrigidas com cirurgias adicionais ou uso de medicamentos.

  • Rigidez articular: ocorre pelo aumento de pressão articular em decorrência do aumento da tensão muscular durante o alongamento ósseo. Tal complicação é evitada pelo acompanhamento constante com seu médico, por isso a importância de estar em Porto Alegre durante o período de regulagens.

    Caso ocorra, necessitará parar o alongamento por um período e intensificar a fisioterapia.
     

  • Atraso na consolidação do regenerado ou não consolidação: a qualidade do regenerado depende de vários fatores e da capacidade de cada pessoa de cicatrização. Estabilidade do fixador, grau de preservação da circulação óssea no foco da osteotomia, adequada velocidade do alongamento ou da correção da deformidade, alimentação adequada, consumo de bebidas alcoólicas ou tabaco, níveis de vitamina D séricos.  

    Em casos de falha na consolidação do regenerado, cirurgia adicional para utilização de enxerto ósseo pode ser necessária.
     

  • Consolidação precoce do regenerado: pode ocorrer quando existe uma excessiva demora em iniciar os ajustes do fixador externo. O período médio de espera é de 7 a 10 dias após o procedimento, sendo que um atraso muito grande nesse tempo pode levar a consolidação precoce. Tal complicação também pode manifestar-se quando a velocidade do alongamento está muito lenta, ocasionando a consolidação antes de o osso atingir seu comprimento desejado.  A realização de radiografias seriadas nos mostra a qualidade do regenerado e indica a necessidade de aumentar ou diminuir a velocidade do alongamento ósseo.
     

  • Fratura do regenerado ósseo: para saber a hora de retirar o fixador externo, as radiografias devem mostrar corticalização do regenerado ósseo. Em situações em que a corticalização não está bem definida será necessário utilizar muletas após a retirada do implante. Em casos de fratura do regenerado podemos estabilizar o mesmo com implante interno ou externo ou em algumas situações um “brace” (imobilizador parecido com uma tala).
     

  • Quebra de fio ou pino: complicação comum, sendo que quando isso ocorre devemos reposicionar o fio ou pino quebrado para não ocorrer a perda da estabilidade do fixador externo.
     

  • Dor: apesar de visivelmente o fixador externo aparentar causar muita dor a experiência dos pacientes contradiz essa ideia.

    Costumamos dizer que o fixador externo dói mais para quem vê do que para quem sente.

    A dor pode ocorrer em qualquer fase do alongamento sendo na fase das regulagens mais frequente, pois vai criando tensão na pele próxima aos pinos. A dor está mais relacionada com a má higiene da interface pino e pele ocasionando uma inflamação local, levando a dor. O grau de dor varia de paciente para paciente, sendo que o estado emocional e os cuidados com o fixador influenciam bastante. Quando um pino ou fio começa a causar dor de difícil controle uma das alternativas é retirar e reposicionar o mesmo.
     

  • Infecção no trajeto do pino: infecção do trajeto do pino é uma complicação frequente, entretanto raramente evolui para osteomielite (infecção óssea). O paciente deve ser orientado que tal complicação na região dos pinos é frequente e pode ocorrer mais de uma vez ao longo do tratamento.

    É importante durante o tratamento manter os pinos e o fixador higienizado criando uma rotina diária para isso. Na vigência de uma infecção na interface pino pele o tratamento é repouso, antibiótico (via oral ou tópico) e em alguns casos, a remoção do pino está indicada. Em caso de infecção resistente o paciente poderá necessitar de antibiótico endovenoso.
     

  • Estiramento de nervo: necessitará parar o alongamento. Normalmente o sintoma passa sozinho, entretanto, para continuar o alongamento, necessitará realizar cirurgia adicional para descomprimir o nervo.
     

  • Trombose venosa profunda e embolia gordurosa: complicações comuns em qualquer procedimento cirúrgico ortopédico. Raramente ocorrem, entretanto o paciente precisa saber do risco de ocorrência. Quando ocorre podem necessitar um período mais longo de internação gerando custos adicionais. Existem medicações para diminuir o risco dessas complicações, que serão utilizadas pelo paciente quando internado e por um período após a alta hospitalar.
     

Necessita de transfusão de sangue?

A maioria dos pacientes não necessitarão de transfusão de sangue, entretanto sempre deixamos reservado no banco de sangue pelo menos 2 bolsas caso necessite durante ou após o procedimento. A perda de sangue não ocorre somente durante a cirurgia ela pode ocorrer após os primeiros dias, sendo assim a transfusão pode ocorrer um a dois dias após o procedimento. Este risco é mínimo e ocorre em 10% dos pacientes.

Sou paciente de outra cidade: preciso levar andador, cadeira de rodas ou muletas?

Inicialmente será necessário cadeira de rodas e andador. O paciente será orientado sobre como utilizar estes equipamentos. Como ir da cama para cadeira e da cadeira para o banheiro para realizar as necessidades fisiológicas. Inicialmente irá começar a andar com uso de andador e após, iniciaremos a transição para as muletas quando o paciente já estiver fora do hospital.

Cadeira de rodas, andador e/ou muletas, quais serão necessários?

Durante a internação hospitalar serão usados os equipamentos do próprio hospital.

Nossa equipe poderá auxiliar na indicação de empresas para locação dos equipamentos necessários, após a alta hospitalar.

Por quanto tempo será necessário utilizar andador e muletas?

Para um alongamento de 5 cm no fêmur, levamos em torno de 2 meses para estar completo e outros 2 meses para iniciarmos carga total sem as muletas.

Na tíbia, 5cm de alongamento leva entre 2 a 3 meses para serem completados e outros 2 a 3 meses para o osso estar cicatrizado o suficiente para liberarmos carga total.

Durante o processo de alongamento serão realizadas radiografias seriadas sendo que este exame irá nos mostrar a progressão da cicatrização e o momento exato para liberação de carga parcial ou total.

O tempo de cicatrização pode variar entre os pacientes sendo os valores acima citados passiveis de variação para mais ou menos.

Qual o tempo total de tratamento?

Normalmente um alongamento ósseo leva 2 meses para cicatrizar cada centímetro alongado. Se realizarmos um alongamento de 5 cm este levará aproximadamente 10 meses para sua cicatrização completa. Estes valores podem variar para mais ou para menos dependendo das condições de saúde do paciente, idade, estilo de vida, dieta entre outros fatores.

Por quanto tempo o paciente necessita ficar em Porto Alegre?

Precisa ficar durante todo período da fase de alongamento.

Após a cirurgia aguardamos 7 dias até iniciarmos o alongamento, chamamos essa fase de período de latência.

A velocidade de alongamento do fêmur é de 1mm por dia.

5 cm = 50 dias + 7 dias de espera (período de latência) até iniciarmos. Total de 57 dias.

A velocidade de alongamento da tíbia é de 0,75mm por dia.

5 cm = 67 dias + 7 dias de espera (período de latência). Total de 74 dias (aproximadamente 10 semanas e meia).

Quanto tempo de hospitalização?

Usualmente o paciente fica de 3 a 4 noites internado, podendo variar caso o paciente apresente alguma intercorrência.

Quais as orientações para o dia da cirurgia?

  • O paciente receberá as orientações com antecedência, referentes ao dia da cirurgia e ao pós-operatório.
  • Jejum absoluto: não deve ingerir comida ou líquidos por 8 horas antes da cirurgia.
  • Deve chegar 2h antes do procedimento no hospital para realizar toda preparação cirúrgica.
  • Levar junto todos exames pré-operatórios, radiografias e termo de consentimento informado que será fornecido em consulta com seu médico.  

O que acontecerá durante a hospitalização?

Primeiramente, o paciente irá se apresentar na recepção do hospital onde será encaminhado para a sala de preparo no bloco cirúrgico. Neste local o Dr. Girardi irá conversar com o paciente e tranquilizá-lo sobre os próximos passos.

Após, ser realizada a preparação e o paciente será encaminhado para sala cirúrgica.

Terminada a cirurgia o Dr. Girardi irá conversar com os familiares e o paciente irá para sala de recuperação onde permanecerá de 2h a 4h e posteriormente encaminhado para o quarto.

Enquanto estiver no hospital será ministrado o protocolo de anticoagulantes para prevenir coágulos de sangue.

Serão realizados exames laboratoriais diários para verificar o nível de sangue, se este estiver baixo será feita a transfusão sanguínea.

Um fisioterapeuta irá passar todos dias para iniciar a movimentação dos membros e passar algumas orientações necessárias para sua recuperação.

O paciente receberá informações de como usar a cadeira de rodas, andador e muletas para se tornar independente.

Na alta hospitalar o paciente receberá várias orientações, medicações e o telefone do Dr. Girardi para entrar em contato para eventuais emergências que possam vir a ocorrer.


Referências:
  • Phillips KA, Albertini RS, Siniscalchi JM, Khan A, Robinson M. Effectiveness of pharmacotherapy for body dysmorphic disorder: a chart-review study. J Clin Psychiatry. 62(9):721-7, 2001.
  • Rozbruch, S. Robert; Ilizarov Svetlana, LIMB LENGTHENING and RECONSTRUCTION SURGERY, New York, Informa Healthcare, 2007.
  • Paley, Dror, PRINCIPLES OF DEFORMITY CORRECTION, Baltimore, Springer, 2002.
  • sidra.ibge.gov.br
  • Slomka Renato, Complication of Ring Fixators in the Foot and Ankle. Clinical Orthopaedics and Related Research. 391: 115-122, 200.

Dr. Ricardo Girardi CREMERS 34650
RQE 28690

Saiba Mais

ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
RECONSTRUÇÃO E ALGONGAMENTO ÓSSEO

Possui graduação em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil (2010), especialista em Ortopedia e Traumatologia, com ênfase em Cirurgia Ortopédica e Traumatológica e especialização em Reconstrução e Alongamento Ósseo pelo CERO (Centro de Excelência em Reconstrução Óssea) Curitiba - PR, serviço chefiado pelo Dr. Richard Luzzi.

Membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).

Membro da ASAMI (Associação para Estudo e Aplicação do Método de Ilizarov).